Hoje conversamos com a genial criadora da Webcomic O Diário De Virgínia, uma HQ que revolucionou o estilo dos "quadros infinitos" (leitura exclusiva para internet, onde os quadros da história não ficam presos na configuração de uma página, mas sim dispersos na tela, sendo acompanhada através da barra de rolagem do navegador). Acompanhe seu processo de criação e saiba curiosidades sobre cada personagem do Diário.
Espero que gostem!
-----------------------------------------------------------
-Primeiro Catia,
nos fale como seu deu os seus primeiros contatos com os quadrinhos
Quando pequena não tive muito contato com quadrinhos.
No máximo uma ou outra revista da Turma da Mônica que me chegavam às mãos. Fui
conhecer mais sobre quadrinhos, diferentes estilos e histórias novas durante a
faculdade de design. Uma amiga minha, a Heluiza, me passou muitos quadrinhos
bacanas para ler e até desenvolvemos um projeto de fanzine juntas.
-Como surgiu a
ideia do Diário? A protagonista e suas experiências são baseadas em você?
A ideia para o Diário surgiu no finalzinho de 2009, um
pouco por influência do quadrinho Retalhos do Craig Thompson e também de uma
vontade de pôr no papel algumas coisas que estavam me afligindo. Até por um
pouco de receio preferi criar uma personagem com a qual eu pudesse lidar melhor
com esses problemas sem me expor muito. Assim me senti mais livre para falar
daquilo que estava me angustiando e também sem um compromisso com a realidade
pude trazer à tona personagens mais subjetivos e metafóricos, como o Mike.
-Como surgiu a
ideia do design dos personagens Mike e Sabrina? Você chegou a pensar em outros
visuais para eles?
O primeiro rabisco que fiz do Mike foi despretensioso.
Estava com a música Raindrops keep falling on my head na cabeça e fui
ilustrá-la com um desenho da Virgínia sentada num banco. Tem uma parte da
música que fala “... the blues they sent to meet me” e acabei desenhando essa tristeza que sempre
acompanhava a Virgínia. Daí surgiu a ideia dos medos dela serem representados
por um personagem, achei que o nome Mike ficaria bacana e a partir dos próximos
rabiscos fui definindo-o melhor. A ideia geral das características da Sabrina
veio de outro desenho despretensioso que fiz para colocar no computador do meu
trabalho. Quando pensei em dar forma à criatividade da Virgínia retomei esse
desenho e fui testando pequenas mudanças até chegar no que a Sabrina é hoje.
O primeiro esboço do Mike...
-Por favor, nos
fale do estilo usado na sua Webcomic. Por que o escolheu?
Na verdade não sei se é um defeito ou uma qualidade,
mas no Diário procuro seguir mais minha intuição em relação à minha produção.
Por isso não tenho uma razão lógica para minhas escolhas, apenas vou seguindo e
testando novas coisas. Isso tem me ajudado porque fico mais livre e menos
pressionada, se algo que tentei não dá certo tento outras. Desde o primeiro
capítulo percebo que meu estilo, traço e colorização mudaram e se aperfeiçoaram
muito. E isso se deve a essa brincadeira de experimentação que eu me permito.
Nos últimos capítulos por exemplo já fiz toda a arte-final manualmente, com
lápis aquarelável e foi uma experiência muito boa. Mas se no próximo capítulo
sentir que preciso testar algo diferente vou fazê-lo sem receios.
...e o primeiro esboço da Sabrina
-A cada
capitulo, a leitura do Diário de Virgínia muda, o que a torna única para cada um. Como você pensa nessas mudanças?
Ás vezes começo pensando na história ou então em uma
forma de leitura e qual tipo de história combinaria com ela. Quando envolve
algum efeito ou código que não conheço passo um bom tempo pesquisando até
encontrar uma forma de realizar o que estou pretendendo. Confesso que muitas
vezes me decepciono com o resultado final porque é muito complicado pensar na
história, na arte, no texto, na forma de leitura e num modo de realizar isso.
Fico com a sensação de estar deixando a história um pouco de lado e estar
focando demais no formato. Até por isso que comecei ano passado a série When a
man loves a woman, num formato mais simples onde eu só me preocupasse com a
história e nada mais.
-Para terminar, nos fale sobre seus próximos
projetos, seja em que área for, e fique a vontade para divulga-los.
O
meu projeto pra esse ano é a impressão da série que comecei o ano passado, When
a man loves a woman. Essa série foi uma forma que encontrei de desenvolver
melhor a história da Virgínia, porque senti que os capítulos não permitiriam
isso. Até o momento tenho 38 páginas prontas e estou trabalhando na continuação
da história, espero até junho ter concluído as páginas que faltam para procurar
uma forma de financiamento da impressão dessa história.
É isso. Muito obrigado pelo seu tempo
e atenção Catia, e esteja à vontade para voltar no Mistiras quando quiser.
Abração!
Eu que agradeço, é sempre um prazer.
---------------------------------------------------
Para finalizar de verdade, que tal um pequeno vídeo da Catia explicando a montagem de um capitulo do Diário?
Um comentário:
Que maneiro!
Processo criativo é muito interessante de ser exposto. Não é todo artista que se dispõe a mostrar como trabalha, acho que por medo de ser copiado, sei lá. Mas eu acredito que cada um desenvolverá seu próprio método, e conhecer o dos outros ajuda na formulação de possibilidades.
Adorei o post!
Postar um comentário